Prevenção à Violência: Feira de Santana recebe os dois primeiros Coletivos Bahia pela Paz do interior do estado
Tido como o substituto do “Pacto pela Vida”, o Bahia pela Paz deve ser aperfeiçoado para reduzir a letalidade da violência no estado.

Na manhã desta terça-feira (3), Feira de Santana recebeu uma importante iniciativa voltada para a construção de uma cultura de paz. O governador Jerônimo Rodrigues esteve na cidade para inaugurar os dois primeiros Coletivos Bahia pela Paz do interior do estado, localizados nos bairros da Conceição e da Mangabeira. No total, o programa prevê a implantação de 24 coletivos em 16 cidades baianas, com um investimento de R$ 70 milhões.
Os coletivos são espaços comunitários destinados a fortalecer vínculos sociais, promover os direitos das juventudes e prevenir a violência. Eles fazem parte do programa Bahia pela Paz, uma estratégia do Governo do Estado que une políticas públicas de educação, cultura, esporte, saúde, geração de renda e assistência social em territórios mais vulneráveis, onde a violência, o tráfico de drogas, a insegurança alimentar, entre outros problemas alcançam a população.
“Não estamos partindo do zero. Adaptamos, melhoramos, aperfeiçoamos. Aqui, esse coletivo é um ambiente físico onde a gente disponibiliza profissionais da assistência social, psicologia, na área de saúde, porque o foco é a construção de um ambiente de paz”, explicou o governador Jerônimo Rodrigues.
Bahia pela Paz vai repetir os mesmos índices do Pacto pela Vida?
Tido como o substituto do “Pacto pela Vida”, o Bahia pela Paz deve ser aperfeiçoado para reduzir a letalidade da violência no estado. Apesar disso, entidades e especialistas criticam o programa que não pode se disfarçar como mais uma “política de morte” do estado.
Segundo Boletim Pele Alvo: Mortes que revelam um padrão, em 2023, a polícia brasileira matou pelo menos sete pessoas por dia. Na Bahia, as forças de segurança são responsáveis por 47,5% das mortes de pessoas negras em ações policiais, isso comparado com nove estados brasileiros.
Em 2023 foram 1.702 vítimas – único estado entre os monitorados a ultrapassar a marca de 1 mil casos no ano. Os mais afetados nessa conta são os jovens negros que são atingidos em 62% dos casos pela letalidade policial.
A implantação dos coletivos surge como resposta a esses desafios enfrentados por bairros que convivem com problemas de segurança e falta de infraestrutura. Segundo o governador, além do trabalho social, a ação também conta com apoio da inteligência da polícia.
A secretária de Educação, Rowena Brito, também destacou a importância da iniciativa para os jovens que estão fora das salas de aulas.
“É uma ferramenta reconhecidamente que já dá certo, que funciona, porque a gente traz a população para mais perto do governo do estado. E as nossas unidades escolares já estão linkadas num contato direto com os coletivos para fazer atividades. As equipes dos coletivos indo até as nossas unidades, mas também ajudando a gente a identificar quem não está na escola, quem não estuda, quem não está na escola, para a gente buscar essas pessoas.”
Segundo a secretária, a parceria das escolas com a Bahia pela Paz, vai possibilitar às famílias um diagnóstico para acompanhar suas vulnerabilidades e tentar saná-las.
“Vamos ter a permanência desses estudantes, identificando quais são as fragilidades, por que eles não estão indo para a escola. Então, é uma grande rede de proteção dos nossos estudantes, garantia de direito, que passa pela permanência na escola.”
Rede de proteção e atuação dos Direitos Humanos
O secretário de Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas, explicou que os coletivos são fruto de uma grande articulação institucional, envolvendo 12 secretarias estaduais, além de Ministério Público, Defensoria, Tribunal de Justiça e as prefeituras.
“Estamos criando um equipamento público para oferecer políticas públicas aos jovens das comunidades. Vão poder acessar nesses espaços um conjunto de políticas públicas na área de esporte, do empreendedorismo, na área de cultura e de educação. Nós temos equipes multidisciplinares, com pedagogos, psicólogos, advogados e assistentes sociais, vão atuar nas escolas, associações, igrejas, oferecendo alternativas de cidadania e direitos humanos”, destacou ao Acorda Cidade.
Segundo ele, a escolha dos bairros de Conceição e Mangabeira levou em conta fatores como densidade populacional, vulnerabilidade social e os desafios na área da segurança pública.
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